Por Decio Tozzi
Na década de 1960, a região onde se encontra o município de São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, apresentava um intenso desenvolvimento econômico resultante da concentração da produção industrial. Sendo assim, a administração da cidade realizou um exemplar planejamento urbano em cujo contexto constou a produção de uma rede de equipamentos concedidos a todos os bairros de escolas, parques, estádios esportivos e creches.
A Escola Jardim Ipê, situada em uma área residencial inserida no distrito industrial automobilístico da cidade, previa em seu programa um conjunto de oito salas de aula, espaço de recreação e convívio, administração, copa, refeitório e atividades de apoio.
Dessa forma, adotei o partido arquitetônico horizontal em que um amplo espaço central integra e organiza todos os setores, além de propiciar total flexibilidade na organização espacial e didática da escola.
Essa solução flexível, induz à necessária experimentação pedagógica e permite diversas configurações espaciais atendendo à pesquisa e ao ensino.
A estrutura de concreto foi concebida como um sistema de pórticos travados pelas lajes de piso e cobertura.
O grande espaço central integrador das atividades da escola e da comunidade, constitui o fulcro teórico desse projeto cuja pesquisa de espaço e luz foi posteriormente desenvolvida por mim em vários edifícios residenciais urbanos, e mais recentemente no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa e no Spazio 2222 onde adquiriu, pelo uso de nova tecnologia, a modernidade contemporânea na metrópole paulistana.
Além disso, o desenho da Escola Jardim Ipê expressa o conteúdo contextual que está presente em todos os meus projetos.
Esse ideário projetual é sempre característico de cada caso, de cada projeto. Assume, portanto, acento particularizado, valorizando a consideração atenta de todos os elementos que compõem o quadro físico e humano do lugar como paisagem construída e natural.
Em cada novo desenho, procurei sempre, compreender as “forças urbanas”, o conjunto de relações axiais, de cheios e vazios, a volumetria e a escala do entorno, a continuidade e a descontinuidade dos ritmos e da forma e principalmente o “caráter” arquitetônico e urbanístico do local de implantação do novo componente da cidade.
Nesse projeto, a análise global determinou um desenho que integra o edifício na cidade de São Bernardo do Campo e denota, a forma como expressão de um imaginário social.